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Gente é para voar, não para morrer no manicômio

18 de maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial

A arte gráfica, de Gabriel Zanucci/Desinstitute, é uma releitura da obra - em domínio público - Harriet Tubman Series (Panel #4), 1940, do artista Jacob Lawrence.
A arte gráfica, de Gabriel Zanucci/Desinstitute, é uma releitura da obra - em domínio público - Harriet Tubman Series (Panel #4), 1940, do artista Jacob Lawrence.

18 de maio de 2022

Por desinstitute

Hoje, 18 de maio, é comemorado, no Brasil, o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. O movimento antimanicomial brasileiro contribuiu ativamente com o processo de redemocratização e com a criação do SUS.

Hoje movimentos de todo o Brasil ocupam as ruas e renovam a radicalidade do lema: Pela abolição do manicômio! Manicômio nunca mais! As mobilizações são mais importantes do que nunca, pois a ofensiva de retrocessos contra as conquistas da luta antimanicomial e da reforma psiquiátrica toma um ritmo vertiginoso desde 2019.

É necessário reverter os desmontes, barrar os que ainda estão sendo arquitetados e construir as condições para que seja possível retomar os avanços e concretizar as transformações almejadas por aqueles e aquelas que sonham com um mundo livre da lógica manicomial.

A lógica manicomial está presente na vida cotidiana. Habita o espírito do proibicionismo, do punitivismo e da segregação de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas nas chamadas comunidades terapêuticas.

Está na centralidade dos hospitais psiquiátricos como espaços de confinamento, em detrimento dos tratamentos de base comunitária. Também mora na medicalização excessiva que dopa o espírito rebelde dos sujeitos.

O manicômio é endossado em cada ato governamental que promova o sucateamento e o desinvestimento nos serviços públicos que oferecem integração social, respeito à diversidade e cuidados em liberdade. É fortalecido por cada remessa que enriquece instituições psiquiátricas que lucram produzindo sofrimento.

A lógica manicomial ganha fôlego com a negação do tempo para cultura, lazer e convívio social. Está na exigência de que todos produzam incessantemente mesmo quando submetidos a condições de vida precárias e cada vez mais degradadas pela fome, violência de Estado, falta de moradia, emprego e transporte.

O manicômio ganha espaço em uma sociedade cujo tecido social está adoecido pelo racismo, exploração, misoginia, LGBTfobia, capacitismo e por outras opressões que geram sofrimento psíquico e destroem subjetividades dissidentes da norma.

Neste Dia da Luta Antimanicomial, mais uma vez, os usuários e usuárias dos serviços substitutivos recusam-se terminantemente a retornarem aos manicômios. Uma vez instaurada a liberdade, ela impõe sua verdade: o ser humano nasceu para voar e desejar. Então, as gaiolas que se apossam de corpos e colonizam mentes devem ser rompidas em nome da emancipação total. 

Gente é para voar, não para morrer no manicômio!

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