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Preocupação dos brasileiros com a saúde mental quase triplicou nos últimos 4 anos, de acordo com pesquisa
18 de outubro de 2022
De acordo com uma pesquisa recente, chamada Global Health Service Monitor, feita pela empresa Ipsos em 34 países espalhados por todos os continentes, os transtornos mentais viraram uma das principais preocupações de saúde para quase metade dos brasileiros. Essa taxa cresceu quase três vezes em apenas quatro anos.
Aqui no Brasil, o estudo contou com a participação de mil pessoas, que responderam a perguntas pela internet ou pelo telefone. Elas representam todas as classes sociais e regiões do país. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.
Qualidade de vida (ou falta dela)
Diante disso, surge um alerta! Em paralelo a essas informações, temos outras pesquisas que são capazes de se conectar a esse tema tão importante: a qualidade de vida dos brasileiros atrelada a sua saúde mental, e como as políticas públicas, a falta ou o sucateamento delas, influenciam esse campo.
A taxa de desemprego em solo brasileiro é a 5º maior em um ranking com 40 países, contando atualmente com 10,1 milhões, segundo o IBGE. Além disso, temos mais um fatores preocupantes derivado disso: fome, moradia, educação, bem como os processos de desestruturação contínua do SUS, que inclui a RAPS.
Quando falamos em fome, o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, revela que a fome avança no país e atinge 33,1 milhões de pessoas. Esse número equivale a 15,5% da população brasileira em situação de insegurança alimentar grave.
O acesso à moradia digna também impacta diretamente na saúde mental, pois um levantamento feito por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais aponta que a população de rua cresceu no Brasil, em 2022. De janeiro a maio, mais de 26 mil novas pessoas foram registradas como em situação de rua, no CadÚnico, o cadastro do governo federal que dá acesso a benefícios sociais. Hoje, no país, mais de 180 mil pessoas estão nessa situação.
Mais um dado preocupante é que mais da metade das pessoas de 25 anos ou mais não completaram o ensino médio em nosso país. A taxa de escolarização foi de 35,6% (3,6 milhões) para crianças de 0 a 3 anos, 92,9% (5 milhões) na faixa de 4 e 5 anos, 99,7% (25,8 milhões) dos 6 aos 14 anos – percentual próximo à universalização –, 89,2% (8,5 milhões) de 15 a 17 anos, 32,4% (7,3 milhões) de 18 a 24 anos e 4,5% (6,1 milhões) para 25 anos ou mais.
Alerta
Todos esses números, aponta o diretor executivo do Desinstitute, Lúcio Costa, evidenciam um ambiente propício ao adoecimento psíquico. “Precisamos enfatizar que uma saúde mental abalada não é resultado ou consequência de decisões individuais, mas ela é atravessada pelas dimensões sociais, culturais e coletivas.” destaca.
Costa reforça que a saúde mental está diretamente atrelada a condições dignas de vida. “Atualmente milhares de brasileiros somente sobrevivem, com seus direitos básicos e fundamentais sendo violados, sem alimentação digna, moradia segura e estudo de qualidade”, afirma.