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O perigo da psiquiatrização do bolsonarismo
9 de novembro de 2022
Diante do resultado das eleições presidenciais ocorridas no Brasil no último mês, diversos atos reivindicando uma intervenção militar e questionando a legitimidade da vitória do candidato eleito, Luís Inácio Lula da Silva (PT), são realizados em todo o país.
Tais atos, cujos conteúdos atentam contra o Estado Democrático de Direito, são organizados e praticados por grupos de extrema direita, acarretando fechamento de estradas, agressões e até uso de simbologias que remetem ao nazismo.
Diante desse cenário, alguns indivíduos críticos aos atos – ainda que em tom jocoso -, atribuem loucura aos manifestantes, clamando por uma “intervenção psiquiátrica”.
O problema é que a intervenção psiquiátrica, assim como a militar, não deve sequer ser cogitada, já que ambas carregam em sua essência o autoritarismo, a violência e o aniquilamento de corpos e ideias considerados divergentes.
Tratar pessoas que pedem intervenção militar como loucas é desconsiderar que suas atitudes traduzem um projeto de sociedade, o que não se enquadra como patologia.
Logo, endossar um pedido de intervenção psiquiátrica aos extremistas significa banalizar não somente o sofrimento psíquico de quem necessita do suporte de profissionais, serviços e equipamentos de saúde mental, mas todo o processo histórico de exclusão e de violação de direitos causado pela mesma lógica de arbitrariedade e opressão.
O Desinstitute atua pela garantia de direitos humanos e pelo cuidado em liberdade no campo da saúde mental, refutando qualquer argumento contrário aos princípios da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial.