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95% das pessoas em tratamento do HIV no Brasil não transmitem o vírus
23 de dezembro de 2024
O Dezembro Vermelho é um mês marcado por campanhas de conscientização sobre a prevenção do HIV. No entanto, pouco se discute sobre os estigmas que recaem sobre quem já vive com o vírus.
Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, 95% das pessoas em tratamento no Brasil alcançaram a indetectabilidade, estágio em que a carga viral é tão baixa que o vírus se torna intransmissível. Esse dado supera as metas estabelecidas pela ONU e reforça que viver com HIV não significa ser um risco para os outros.
Entretanto, a discriminação continua sendo um dos maiores obstáculos ao cuidado e tratamento.
Pesquisas também indicam que o medo do estigma impede muitos de procurar serviços de saúde, testar-se ou adotar métodos preventivos. Além disso, o preconceito pode levar ao isolamento, o que dificulta até mesmo o diálogo entre familiares e parceiros. Em São Paulo, um estudo da UNAIDS com a PUC-RS revelou que 80% das pessoas com HIV relataram dificuldades em compartilhar suas aflições com as pessoas próximas.
A mudança da terminologia de DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) para IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) é um marco nessa luta. O termo “infecção” reforça que muitas vezes a pessoa pode carregar e transmitir o vírus sem apresentar sintomas, o que ajuda a desfazer a associação equivocada de que todos que vivem com HIV são “doentes terminais”.
O Brasil é referência global no tratamento do HIV e de outras ISTs, graças ao Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece acesso gratuito a medicamentos antirretrovirais e exames. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 70% das pessoas diagnosticadas com HIV estão em tratamento, o que contribui diretamente para a redução da transmissão.
Por isso, é importante ressaltar que o tratamento atual permite que indivíduos com HIV vivam com qualidade e longevidade, muitas vezes sem desenvolver a AIDS (estágio mais avançado do vírus). Portanto, além das campanhas de conscientização e prevenção, é preciso ampliar a luta pelo acolhimento e aceitação daqueles que já convivem com o vírus.