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CIDH expressa preocupação com situação de comunidades terapêuticas no Brasil

Análise consta no relatório “Situação dos Direitos Humanos no Brasil" (2021), da Comissão Interamericana

CIDH expressa preocupação com situação de comunidades terapêuticas no Brasil
#PraTodosVerem: Foto de encontro em São Paulo, realizado em novembro de 2018, entre relatores da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e integrantes do sistema de justiça, comunicadores, educadores, ativistas e representantes de movimentos sociais brasileiros. Na imagem, estão dezenas de pessoas sentadas em torno de um corredor comprido e, em primeiro plano, aparecem um homem e uma mulher uniformizados com o colete da CIDH. Foto por: Julia Cruz - ARTIGO 19

5 de abril de 2021

Por desinstitute

Em setembro de 2018, durante uma audiência pública da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, no Texas (EUA), a CIDH recebeu, pela primeira vez, denúncias sobre o funcionamento de comunidades terapêuticas no Brasil, apresentadas pelo diretor-executivo do Desinstitute, Lucio Costa, à época representante do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), junto a integrantes do Conselho Federal de Psicologia, da Conectas e da Plataforma Brasileira de Política de Drogas.

Em novembro daquele mesmo ano, representantes da CIDH, que é o principal órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA), visitaram o Brasil para analisar a situação de grupos sociais atingidos por processos estruturais de discriminação e desigualdade no país. A análise resultou na publicação do recém-lançado relatório “Situação dos Direitos Humanos no Brasil” (2021).

De acordo com o documento, o governo federal registrou a existência de 2 mil comunidades terapêuticas no país, das quais pelo menos 316 seriam financiadas com recursos públicos. A CIDH ressalta, porém, que o número estimado de CTs em território nacional poderia chegar a 6 mil, conforme reportado na audiência pública pelas organizações brasileiras.

Ao analisar as “deficiências apresentadas pelas Comunidades Terapêuticas, que acabam inserindo seus usuários em situações que violam seus direitos”, a Comissão reconhece que o Estado brasileiro “é igualmente responsável por essas instituições, notadamente aquelas financiadas por recursos públicos”.

Por fim, a Comissão conclui: “Levando em conta o que foi assinalado por diversos órgãos das Nações Unidas, a CIDH recorda que não está cientificamente comprovado que a privação da liberdade das pessoas que consomem drogas em centros hospitalares contribua para a sua efetiva reabilitação”. Reitera ainda a importância de promover alternativas à privação de liberdade, “mediante tratamentos que evitem a institucionalização de pessoas e que permitam uma abordagem dessa questão desde um enfoque de saúde e direitos humanos.”

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