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Desde sua primeira versão, DSM triplicou o número de diagnósticos catalogados

Desde sua primeira versão, DSM triplicou o número de diagnósticos catalogados

29 de fevereiro de 2024

Por desinstitute

O DSM, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, é uma obra de referência que lista categorias e critérios para diagnósticos relacionados à saúde mental. Ao longo de suas edições, o número de patologias tem aumentado constantemente. 

Sua primeira versão, o DSM-I, lançado em 1952, continha 106 categorias diagnósticas. Já a versão atual, o DSM-V implementado em 2013, e revisado no ano passado, apresenta mais de 300 patologias.

Este aumento contínuo de diagnósticos reflete uma ampliação das condições consideradas como patológicas, levantando questionamentos – essa proliferação indica um aumento real nos problemas de saúde mental da população ou é resultado da patologização de comportamentos e experiências cotidianas?

Na quinta edição, além dos tradicionais distúrbios clínicos, são incluídas questões sociais e de vida que passam a ser consideradas sob uma perspectiva patológica, como problemas de relacionamento, violência doméstica ou sexual, negligência ou abuso, dificuldades ocupacionais e profissionais, falta de moradia, pobreza extrema, discriminação social, não aderência ao tratamento médico, entre outros.

Além disso, o tempo necessário para o diagnóstico de certos transtornos varia entre as diferentes edições do DSM, como no caso do luto, que no DSM-IV é caracterizado como um episódio depressivo quando os sintomas persistem por mais de dois meses, enquanto no DSM-V o período é reduzido para duas semanas.

O aumento no número de diagnósticos de transtornos mentais tem sido acompanhado pelo crescimento no uso de medicamentos psiquiátricos, tornando-se uma fonte significativa de receita para a indústria farmacêutica, o que contribui para a medicamentalização da vida e patologização do sujeito.  

Ao ampliar suas categorias, o DSM concentra-se exclusivamente na perspectiva clínica e na aplicação do manual, o que acaba por limitar a compreensão do sofrimento psíquico, da subjetividade de cada indivíduo e da sua experiência.

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