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Drogas K: consumo, comercialização e desafios

Drogas K: consumo, comercialização e desafios

6 de fevereiro de 2024

Por desinstitute

As drogas K conquistaram a atenção dos grandes veículos de comunicação e têm se tornado um tema cada vez mais abordado. Continue a leitura e conheça agora sua história, os riscos associados ao uso e os desafios enfrentados na abordagem da questão.

Contexto histórico

As drogas K constituem uma classe de substâncias sintéticas que têm ganhado destaque, tanto no Brasil quanto globalmente. Seu surgimento aconteceu na década de 1980, quando o químico norte-americano John W. Huffman começou a sintetizar canabinoides em busca de medicamentos para aliviar o sofrimento de pacientes. Financiada pelo Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos Estados Unidos, a pesquisa resultou na criação de mais de 400 compostos canabinoides sintéticos.

Em 1993, Huffman sintetizou um composto cuja fórmula foi publicada em diversos artigos e revistas. Em 2008, esses compostos foram identificados em um laboratório forense na Alemanha, onde os fabricantes os incorporaram em folhas de plantas e os venderam sob o nome de “spice”.

Originalmente concebidas como parte de experimentos para opções terapêuticas, essas substâncias são classificadas também como “designer drugs”, um termo cunhado nos Estados Unidos na década de 1980 para identificar drogas sintéticas criadas acidentalmente em laboratórios farmacêuticos. 

Riscos associados ao consumo 

Os efeitos das drogas K no organismo humano ainda são incertos, mas especialistas apontam para uma série de sintomas alarmantes, como a capacidade de causar dependência, gerar problemas respiratórios e gastrointestinais, aumentar a depressão, elevar a frequência cardíaca e provocar ataques de raiva, agressividade, paranoia, ansiedade, alucinações, convulsões, insuficiência renal, arritmias cardíacas e, em casos extremos, resultar em óbito.

Desafios 

Os nomes K9, K2 e K4 são diferentes denominações para a mesma droga, variando apenas na forma de consumo, seja por meio de papel borrifado com a substância, selos, micropontos, inalação direta de pipeta, mistura em ervas para fumo em cigarros ou sais para inalar. Essa diversidade de possibilidades de uso contribui para a dificuldade de controle da substância. 

Além dos potenciais e graves danos gerados tanto pelas drogas K quanto por outras substâncias, a conduta inadequada na assistência às pessoas que fazem uso problemático de drogas colabora para dificultar uma abordagem assertiva dessa questão complexa. O sistema persiste em “combatê-la” com uma guerra contra quem consome e com a substituição de aparelhos públicos de saúde mental pelo financiamento de comunidades terapêuticas. Esse movimento agrava a problemática, prejudicando sobretudo jovens em condições de vulnerabilidade social e com recursos limitados.

Portanto, é crucial ampliar os serviços de acolhimento, habilitando novos Centro de Atenção Psicossocial e qualificando o atendimento intersetorial. Além disso, é fundamental garantir o financiamento adequado para dispositivos públicos específicos de saúde, dentro de uma abordagem de cuidado integral em liberdade e com redução de danos para pessoas que fazem uso problemático de drogas, assegurando acesso universal.

O uso problemático de qualquer droga é um fenômeno social que requer uma abordagem intersetorial, pautada no respeito e na construção de condições propícias para uma tomada de decisão apoiada pelas pessoas envolvidas.

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