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Manifesto antimanicomial: por que ainda lutamos?

Seguimos na luta contra todas as formas de institucionalização e exclusão: internações compulsórias, comunidades terapêuticas, manicômios judiciários, medicalização em massa, patologização da vida e qualquer lógica manicomial disfarçados de cuidado. 

Manifesto antimanicomial: por que ainda lutamos?

18 de maio de 2025

Por desinstitute

Neste 18 de Maio, Dia da Luta Antimanicomial, o Desinstitute reafirma seu compromisso com a defesa da Reforma Psiquiátrica e com a construção de uma sociedade sem manicômios, físicos e simbólicos.

Desinstitucionalizar é mais do que fechar manicômios

Desinstitucionalizar não é apenas lacrar os portões de um hospital psiquiátrico. É romper com a lógica que define quem é digno de viver em sociedade e quem deve ser trancado, medicado e silenciado. O manicômio, como espaço físico ou simbólico, serve à conveniência de um sistema que quer esconder o que não entende, o que não produz, o que não se encaixa.

Mas o manicômio serve a quem?

Serve ao capitalismo, que transforma sofrimento em diagnóstico e lucra com internações, medicamentos e políticas de contenção. Serve ao racismo estrutural, que seleciona corpos e mentes para punir. Serve ao patriarcado, que patologiza mulheres que não se submetem. Serve, enfim, a toda forma de poder que opera pelo controle do corpo e da subjetividade.

Quem define o que é ‘normal’?

A norma é um projeto político. Não é neutra. Foi construída para manter alguns no centro e outros à margem. A loucura é o nome dado àquilo que escapa, que incomoda, que não se enquadra. E a psiquiatria, quando a serviço do controle, transforma subjetividades em patologia.

A luta antimanicomial é um levante contra tudo isso. Ela não pertence apenas aos profissionais da saúde mental. É uma luta coletiva, de usuários, familiares, movimentos sociais, artistas, comunicadores, pesquisadores, gente que ousa defender o direito de existir de todos os sujeitos. É uma luta que exige o reconhecimento da pluralidade humana.

Mas também não há cuidado em liberdade sem condições reais de existência. Que liberdade é possível sem moradia, sem renda, sem acesso à educação e à cultura? Que cuidado se sustenta quando a comida falta e as condições de vida sufocam? A luta antimanicomial também é uma luta de classes. Além disso, é preciso enfrentar os manicômios contemporâneos: comunidades terapêuticas, internações compulsórias, medicalização em massa e a patologização da vida cotidiana. É urgente reafirmar nosso compromisso com a Reforma Psiquiátrica e com a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), hoje ameaçadas pelo desmonte e pela falta de investimento em cuidado territorial.

A lógica manicomial se reinventa quando o sofrimento é tratado como um problema individual, descolado das violências sociais, econômicas e políticas que o produzem. Desinstitucionalizar, portanto, é uma tarefa radical. É uma recusa ativa à lógica da exclusão. 

Sendo assim, neste 18 de Maio, Dia da Luta Antimanicomial, afirmamos mais uma vez:

Nenhum passo atrás.

Manicômio nunca mais!

Saiba mais por meio do nosso manual “Desinstitucionalização: Da saída do manicômio à vida na cidade: estratégias de gestão e de cuidado” 

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