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O cuidado em saúde mental não deve ser uma relação de poder ou hierarquia

O cuidado em saúde mental não deve ser uma relação de poder ou hierarquia

30 de outubro de 2024

Por desinstitute

É essencial refletir sobre o tipo de cuidado que queremos construir para um sistema de saúde mental efetivo.

Cuidar da saúde mental é uma oportunidade de encontrar novos significados, confrontar medos, angústias e sombras da própria psique. No entanto, é fundamental lembrar que os profissionais de saúde mental não são herois, salvadores ou mártires. Eles são uma linha guia auxiliar nesse processo, sendo o pessoa que recebe o cuidado a verdadeira agente de mudança.

O cuidado em saúde mental é um espaço de luta, onde emoções como sofrimento, raiva e medo se misturam com alegrias e conquistas. Contudo, ele não deve ser visto como um caminho individual e padronizado, pois somos seres coletivos, com histórias sociais, culturais e pessoais.

Logo, o cuidado em saúde mental não deve ser uma relação de poder, mas um processo que fortalece a autonomia e a independência das pessoas. O fim de um processo de cuidado não significa que tudo estará resolvido para sempre, mas sim que a pessoa adquiriu ferramentas para lidar com suas questões de maneira mais ampla.

É importante lembrar que as práticas terapêuticas não são o único pilar para garantir a saúde mental. Elas precisam estar alinhadas com políticas públicas que garantam acesso à educação, moradia e saúde de qualidade e melhores condições trabalhistas.

Não podemos cair no erro de achar que o cuidado em saúde mental se resume a tratamentos clínicos, ou que os profissionais da saúde podem substituir políticas públicas. Tampouco, devemos acreditar numa meritocracia invertida do adoecimento, de que o adoecimento da pessoa seja de responsabilidade exclusiva dela.

A saúde mental vai muito além de consultórios e medicamentos; ela está intrinsecamente ligada à luta por uma sociedade mais justa e inclusiva.

Que tipo de saúde mental queremos e buscamos construir?

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