Notícias e publicações

Patologização e medicalização como consequências do capital

Patologização e medicalização como consequências do capital

20 de janeiro de 2023

Por desinstitute

Diversas questões cotidianas assumiram status de doença na atualidade. A medicalização e a patologização ficaram comuns para atender demandas capitalistas. A indústria farmacêutica vende soluções rápidas, enquanto o indivíduo tem a urgência e a “obrigação” de estar bem e ser sempre produtivo.

Há medicamentos para que o indivíduo tenha mais foco, para que durma menos e seja mais produtivo. Em contrapartida, ignorando as condições de trabalho e sobrecarga a qual é submetido, ocorre a medicalização para anestesiar o esgotamento físico e mental.

A saúde tornou-se um objeto de consumo e, para qualquer forma de mal-estar, atribui-se uma doença e medicaliza-se.

Ciclo patologizante

Ao sujeito não é permitido sofrer, por isso, o discurso capitalista sempre tem uma solução para oferecer. No entanto, essas chamadas soluções rápidas, os medicamentos, via de regra, não são em favor dos sujeitos, mas sim do capitalismo.

É fundamental destacar que é a própria indústria farmacêutica quem financia a maioria dos testes e pesquisas na área dos medicamentos.

Muitas vezes, o valor de um medicamento não está relacionado ao gasto ou ao tempo de seu estudo, mas sim ao quanto o consumidor está disposto a pagar.

Para embasar cientificamente a necessidade de intervenção farmacológica, veicula-se massivamente a existência de sinais e comportamentos como: desatenção, inquietude, falta de concentração e desânimo em determinados grupos.

Estes sinais podem ser identificados como sintomas e tornam-se elementos centrais de discursos patologizantes.

Vivemos em uma sociedade marcada por uma elevada exigência de produtividade em curto prazo e com baixo custo. O indivíduo é capturado pelas necessidades de um mercado altamente competitivo, com escassez de tempo para desempenhar atividades cada vez mais complexas.

Exige-se, também, que as pessoas possam superar a si mesmas. Aquelas que não se enquadram nesse padrão, por razões diversas, sentem-se inseguras e, ao manifestarem seus sofrimentos, são rotuladas por CIDs (Código Internacional de Doenças).

No mundo do desemprego estrutural, ninguém se sente seguro diante da pressão por produtividade e resolutividade.

Leia mais sobre o tema:

https://www.scielo.br/j/sdeb/a/g7FCYYsp7wrVvvpC8xknM8G/?lang=pt

file:///C:/Users/atend/Downloads/1854-Texto%20do%20Artigo-5331-7559-10-20190729.pdf

https://www.ihu.unisinos.br/categorias/614471-a-mercantilizacao-do-mal-estar

voltar