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Sem justiça étnico-social, não há saúde para todos!

Sem justiça étnico-social, não há saúde para todos!

27 de outubro de 2024

Por desinstitute

No dia 27 de outubro, o Brasil celebra o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, uma data criada para alertar sobre as desigualdades raciais na saúde pública e os efeitos do racismo estrutural. A mobilização é essencial para destacar as demandas específicas da população negra e incentivar ações de gestores, profissionais de saúde e governantes para combater o racismo institucional no SUS e em outras instituições de saúde.

As desigualdades são evidentes. Doenças como a anemia falciforme, diabetes mellitus, hipertensão arterial e complicações na gravidez afetam de forma desproporcional a população negra. Além disso, a mortalidade materna entre mulheres negras é significativamente maior. Durante a pandemia, 63% das mortes entre mulheres foram de pessoas pretas e pardas. Outro dado alarmante é que, em 2022, 63% dos novos casos de tuberculose no Brasil foram de pessoas negras.

O racismo também afeta diretamente a saúde mental da população negra de forma profunda e persistente. A exclusão social, muitas vezes sutil, mas constante, provoca uma sensação de não pertencimento, que é extremamente prejudicial para o bem-estar emocional. Além disso, a violência sistemática do Estado, manifestada por meio de altas taxas de encarceramento e mortalidade entre jovens negros, gera um ciclo de medo, ansiedade e trauma. A falta de representação positiva em espaços de poder, cultura e mídia também reforça a invisibilidade e contribui para a baixa autoestima. Pessoas pretas frequentemente enfrentam microagressões e discriminação em seu dia a dia, desde a infância até a vida adulta, o que alimenta um desgaste emocional contínuo.

Esses fatores contribuem para o aumento alarmante do sofrimento psíquico entre a população negra. A cada dez jovens que tiram a própria vida no Brasil, seis são negros. Esse dado revela a gravidade do problema e reflete as barreiras que esses jovens enfrentam para acessar o cuidado de saúde mental, além da carga emocional do racismo que carregam ao longo da vida. A probabilidade de suicídio entre jovens negros é 45% maior do que entre jovens brancos.

Por isso, é fundamental que os serviços de saúde mental levem em consideração o impacto do racismo no tratamento da população negra. O fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPs) pode garantir o acesso a cuidados de qualidade, especialmente em áreas vulneráveis.

Além disso, políticas públicas que combatam o racismo institucional e promovam a inclusão são essenciais para reduzir as desigualdades. Campanhas de sensibilização sobre a saúde mental da população negra, a inclusão de mais profissionais negros nas equipes de saúde e o acesso ampliado a terapias adequadas são exemplos disso.

A mobilização no Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra destaca a urgência de enfrentar as desigualdades étnico-sociais no acesso à saúde de qualidade. Esse movimento impulsiona a criação e fortalecimento de políticas públicas que combatam o racismo estrutural e promovam um sistema de saúde equitativo. Garantir que toda a população, especialmente a negra, tenha acesso igualitário aos serviços de saúde é um grande passo para reduzir as disparidades e assegurar o direito à saúde integral no Brasil.

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